
Desde segunda-feira (4/12), mais 623 municÃpios brasileiros têm autorização para receber o 5G. As prestadoras de telefonia móvel que adquiriram lotes na faixa de 3,5 GHz – frequência por onde passa o sinal da tecnologia – poderão pedir à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) o licenciamento e ativação de estações da quinta geração de internet móvel nessas cidades.
Com isso, 3.079 dos 5.570 municÃpios do paÃs estarão aptos a disponibilizar o chamado 5G puro (standalone) aos seus moradores. O coordenador de Infraestrutura da Conexis Brasil Digital, Diogo Della Torres, afirma que o cronograma de implantação da tecnologia no paÃs supera as expectativas.
"Hoje, as operadoras são obrigadas a ter a tecnologia disponÃvel somente nas capitais brasileiras, mas nós já contamos com 314 cidades em que o 5G já está disponÃvel para a população. Isso é um resultado muito satisfatório", disse.
O especialista ressalta que o ritmo de implantação não é o único aspecto a se destacar quando o assunto é o 5G no Brasil. "A qualidade da tecnologia 5G vem sendo reconhecida até mesmo em rankings internacionais como, por exemplo, da Opensignal, que coloca a velocidade de download do 5G, no Brasil, em terceiro lugar no mundo", diz.
Segundo a Anatel, com a liberação do 5G em mais 623 municÃpios, serão 172 milhões de brasileiros vivendo em cidades com permissão para funcionamento da tecnologia, o que corresponde a cerca de 81% da população.
Gargalos
A autorização por parte da Anatel não garante, no entanto, que o 5G vai começar a funcionar de imediato nos municÃpios autorizados. Isso porque além de o processo depender do planejamento das operadoras de internet móvel, as cidades precisam ter legislações atualizadas e modernas para permitir a instalação das antenas do 5G.
Ugo Dias, professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de BrasÃlia (UnB), afirma que uma legislação voltada para novas tecnologias é uma dificuldade histórica de boa parte das cidades brasileiras. "Em alguns locais, a legislação de antenas ou de instalação de antenas limitam o processo de avanço tecnológico. E isso impõe dificuldade para instalação dessas novas redes", afirma.
"A legislação de antenas visa o interesse do cidadão daquele determinado municÃpio, mas é daquele tipo de legislação que precisa ser sempre observada para ser atualizada no mesmo compasso que a atualização tecnológica", completa.
De acordo com o portal Conecte5g, até setembro deste ano, apenas 459 municÃpios tinham a Lei de Antenas atualizada, o que corresponde a 9% das cidades brasileiras. A disparidade entre os municÃpios que têm autorização da Anatel para operar o 5G e aqueles que, de fato, contam com a tecnologia é significativa.
A altÃssima velocidade do 5G em comparação ao 4G exige de cinco a dez vezes mais antenas do que as existentes no paÃs, segundo a Conexis Brasil Digital. Diogo Della Torres explica que a chegada do 5G aos moradores de uma cidade autorizada depende da agilidade do poder público.
"Diversos municÃpios não têm ainda uma legislação especÃfica com as regras e todas as informações que são necessárias para submeter o licenciamento da infraestrutura de suporte [à antena] à análise da prefeitura. Por esse motivo, em diversos municÃpios as operadoras não têm resposta aos pedidos de licenciamento ou demora-se meses. Dessa forma, o investimento das operadoras não se traduz em conectividade para o cidadão e, muitas vezes, deixa de ser realizado devido à morosidade que os municÃpios têm em analisar e autorizar a instalação dessas infraestruturas", afirma.
Apoio
Entidades ligadas à s prestadoras de internet e também aos municÃpios contam com uma série de documentos de apoio e mesmo sugestões de projetos de lei que podem ser adequados pelos gestores à realidade de suas cidades, de modo a desburocratizar a implementação do 5G.
Fonte: Brasil 61