Votuporanga confirma casos de variante da dengue desaparecida há 15 anos na região e gera alerta para epidemia

Votuporanga, no interior de São Paulo, confirmou quatro casos de dengue do sorotipo 3, uma variante do vírus da doença que há mais de 15 anos não causa epidemias no país. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (22).

Saúde em 25 de novembro, 2023 11h11m

Votuporanga, no interior de São Paulo, confirmou quatro casos de dengue do sorotipo 3, uma variante do vírus da doença que há mais de 15 anos não causa epidemias no país. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (22).

Conforme a Prefeitura de Votuporanga, são sete casos suspeitos e quatro confirmados pelo Instituto Adolfo Lutz, todos em mulheres, entre elas uma criança de 5 anos.

O primeiro caso foi detectado em uma mulher, de 34 anos, no dia 1º de novembro, que chamou a atenção por causa da intensidade dos sintomas clássicos da doença, como febre, vômito, dor e manchas vermelhos pelo corpo, além do sangramento pela urina e pelo nariz.

Os outros três casos foram confirmados no dia 17 de novembro. Todos os diagnósticos foram identificados em um bairro na região sul da cidade e as pacientes passam bem.

Conforme explica o virologista da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP), Maurício Lacerda Nogueira, são conhecidos quatro tipos do vírus da dengue, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que estão associados a epidemias. O último caso do sorotipo 3 foi identificado no noroeste paulista em 2008.

“A detecção desses casos mostra que o vírus chegou na região e é um sinal de preocupação muito grande, por dois motivos principais: toda vez que um novo tipo de vírus entra, ele vem acompanhado de uma epidemia. Nesse caso, dengue 3 é ainda pior, porque esse vírus não circula há mais de 15 anos, sendo que o último caso na região de Rio Preto foi em 2008", explica o virologista.

A secretária de Saúde de Votuporanga, Ivonete Félix Nascimento, informou que não é possível comentar sobre a gravidade do sorotipo somente pelas manifestações clínicas. Afinal, segundo ela, qualquer vírus da dengue pode causar infecções leves, graves ou até a morte.

Apesar disso, Ivonete alerta que estudos mostram que os sorotipos 2 e 3 são considerados os mais virulentos, ou seja, produzem efeitos mais graves nos pacientes.

No primeiro semestre deste ano, a Fiocruz alertou a população para o ressurgimento do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil, em específico nas regiões Sul e Norte, o que acendeu o sinal de alerta de especialistas sobre o risco de uma nova epidemia da doença causada por esse subtipo viral.

Isso porque, segundo a fundação, infecção por um dos sorotipos gera imunidade contra o mesmo sorotipo no paciente. Contudo, é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente.

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Dessa forma, o risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre devido à baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias.

“A dengue causa uma imunidade, ou seja uma ‘proteção’. A pessoa que foi infectada por dengue 1, por exemplo, está protegida da dengue 1 pelo resto da vida. Em um intervalo de um ano, ela também protege contra os outros sorotipos da doença. No caso da dengue 3, tem muita gente suscetível a esse vírus", diz o virologista.

Até o momento, Votuporanga possui 876 casos de dengue e 98 seguem em investigação.

O g1 questionou a Secretaria Estadual de Saúde sobre os casos, que informou que não há registro deste tipo da doença em outros municípios do estado de São Paulo, nem mortes. Também disse que, no estado, o último caso isolado foi confirmado em 2020 em Marília.

Os casos confirmados em Votuporanga estão em investigação pela Vigilância Epidemiológica Municipal.

Sintomas

Os sintomas são comuns para todas as variantes do vírus, incluindo febre, dor muscular, dor de cabeça, náuseas e manchas avermelhadas pelo corpo.

O importante é se atentar aos sinais de gravidade, como: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramentos (nariz, boca, urina ou fezes). Ao perceber qualquer sintoma, a orientação da Secretaria é para que o morador procure atendimento médico na unidade de saúde mais próxima.

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